Mas só conseguimos sair do Porto da Manga as sete. Ou seja, depois das sete e meia saímos pedalando sentido curva do leque.
Pontes, vazantes e retas e mais retas. Ah, teve boiada e bezerro medroso também. Em duas horas estávamos chegando ao leque.
Conversamos com o famoso Qué Qué, dono da Borracharia/Depósito de sal/Lanchonete/etc da Curva do Leque. Ele contou o caso de um argentino que cruzou um trecho do pantanal com apenas um pedal na bike (pois o outro havia quebrado), e depois seguiu sentido Porto-Jofre pelo meio das fazendas (na época seca!). Fato considerado loucura! Nenhuma notícia do argentino retornou (por enquanto).
Tomamos uma tubaina e mandamos uma batata-chip pra dentro, carregamos a água e fomos encarar o trecho tão temido. De fato, é de se temer! Muita, muita, e mais um pouco de areia. Por sorte, choveu recentemente e estava um pouco batida, o que permitiu a pedalar mais do quê eu previa. Mas, apenas com o pneu vazio até no osso e a marcha mais leve. Sem parar de girar o pedal e bem atento na direção, conseguia andar menos de 500m sem parar. Desse jeito, deu pra manter uma média de 6-7 km/h enquanto andava, o que, com as paradas de descanso, dava uma média de 5km/h na prática. Saímos as 10h do leque; as 13 nós tínhamos andado apenas 15 km. Faltava mais 15 pra Faz. Alegria. Se mantivermos o mesmo ritmo (pouco provável devido ao cansaço), gastaríamos mais 3 horas e chegaríamos na fazendas as 16h.
Sentamos pra comer e foi cogitada a hipótese de pedir carona ao próximo caminhão que passasse (já tinham passado 2 por nós). Eu nao queria desistir, queria tentar, pelo menos, cumprir mais este trecho de 15 km. A hipótese se tornou realidade: um caminhão de gado (vazio) da Fazenda Ipanema parou e o motorista, que se chamava Marcos, disse: "Vocês são loucos?? Eu to vindo vendo o rastro docês. Pra onde vocês vão? Querem carona?"
Eu fui voto vencido e montamos as bikes na carroceria como três bezerros sendo levados do Pantanal pra engordar. Os dois companheiros foram no lugar destinado os bois, junto das bicicletas, e eu na cabine trocando idéia com o xará. Ele veio contando altos casos de coisas que ele já viu na estrada (onças, cobras comendo bezerro, etc). E das boiada que tem que levar do pantanal para as outras fazendas do patrão (para este ano, seriam 750 cabeças levadas de 30 em 30, num ritmo de 2 carradas por semana. Quanto tempo dá?).
Chegamos na entrada da Fazenda Alegria e ainda tivemos que pedar 900m de areia até a sede. Falamos com uma moça que nos atendeu. Falamos que estávamos vindo do Qué Qué, onde encontramos o Seu Carlinhos (suposto gerente da fazenda) que disse ter avisado da nossa estada em alegria esta noite. Ela, que era a cozinheira da fazenda, foi um pouco desconfiada e tentou telefonar para os encarregados. Apesar de não conseguir, deixou a gente entrar e foi se abrindo ao longo de uns minutos: fez um café, nos convidou, e pudemos provar do queijo da fazenda. Conhecemos Seu Severiano, um peão de 77 anos e uma vida toda de Pantanal. Deu aula de Pantanal, fazenda e lida do gado pra gente. Aproveitamos o fim da tarde agradável pra passear um pouco na fazenda.
Quando nos demos conta, antes do encarregado/gerente Sr. Luís Otávio chegar, já estávamos jantando com o pessoal da fazenda, pós o sino chamativo. Novamente tivemos uma boa conversa com Seu Severiano. Após o jantar Sr. Luís Otábio, que sabia que vínhamos, chegou e nos chamou pra conversa. Nascido e criado no pantanal, nos brindou com boas histórias de suas andanças pelo pantanal (já veio sozinho de Cuiabá pra o Pantanal da Nhecolândia, percorrendo várias regiões do Pantanal no lombo de um cavalo, e com uma tropa de dois burros e um cachorro; projeto chamado "Cavalgando Pelo Pantanal - A Rota Pioneira") Depois do papo, que envolveu muitos assuntos relacionados ao pantanal (pesquisa e sua integração com a fazenda, onça e ataques, etc) deixamos o Sr. descansar. Ele havia chegado a pouco da lida em um retiro da fazenda (retiro são "bases" que as fazendas mantêm em áreas isoladas - por ser tão grande, apenas uma sede não é suficiente para manter a logística da lida de gado na fazenda), e nem jantado ainda. Fomos dormir baixo o sereno frio e o ceu estrelado da Fazenda Alegria. Clichê ou não: Foi só Alegria!!(rs).
Fotos (bernardo)
Ei mah,
ResponderExcluiro Ricky foi com vcs é? rsrsrsrs
Tá só o míi disbuiado os leriuaite aí óh.
Arrocha o nó mah e continua atualizando o blog.